folheto
MUSEU MARITIMO DE USHUAIA
SALAS DE MAQUETES
Os modelos navais escolhidos para esta exposição contêm uma cronologia que mostra o desenvolvimento da construção naval durante os últimos cinco séculos. Para que isto seja visualizado com maior facilidade todas as maquetes estão na mesma escala (1:100) e foram construídas pelo mesmo modelista naval. A escala humana é representada por um homem de 1,80m de altura. Os acessórios se realizaram em forma artesanal (até as correntes) e na escala que corresponde.
A história da Tierra del Fuego foi sempre ligada ao mar. Em 1948 começaram os primeiros voos comerciais. Até então, a única ligação com o continente foi o mar.
SALA I ALMIRANTE BROWN
Nº 2) CARRACA TRINIDAD DE HERNÁNDO DE MAGALLANES
Hernando de Magallanes, Em 1520 navegou o estreito que leva seu nome e foi o primeiro europeu em avistar as terras que denominou “Tierra de los Fuegos”, mesmo que já se presumia sua existência desde uns quantos anos antes. O globo terráqueo de Johann Schöner (1515) e a carta de Lopo Hormen (1519) já indicavam a possível união dos dois oceanos.
A carraca é um barco de origem português que evolucionou da caravela. Entre os pontos mais importantes a serem destacados está seu maior porte, com possibilidade de transportar maior quantidade de homens e duas construções novas: o castelo de proa e a tolda. Ambas utilizadas para o combate a modo de torres. Utilizavam aparelho redondo (velas redondas). Durante os seguintes 100 anos uns quantos navegantes passaram pelo estreito, todos tiveram que suportar fortes tormentas e brigas com os nativos do lugar. Os que completaram a volta ao redor do mundo foram: o célebre “pirata” Francis Drake (1576); Thomas Cavendish (inglês, 1586); Oliver Van Noort (holandês, 1598) e em 1614 Joris Spilberg (holandês) que realiza a quinta viagem. Espanha naquela época envia a Sarmiento de Gamboa (1584) para que tome posse do Estreito e funde duas cidades das quais somente ficou a lembrança de “Puerto Hambre” já que quase todos os colonos morreram. Espanha recebe um duro golpe em 1588 quando a frota inglesa vence da famosa Armada Invencível.
Nº3) URCA EENDRACHT
O passo pelo “Estrecho de Magallanes” podia ser utilizado somente pelos navios da Companhia das Índias Orientais. Assim foi como outros comerciantes decidiram procurar uma nova via de comunicação. Conseguiram-no Schouten e Le Maire a bordo da Urca Eendracht. Foram os primeiros em rodear Tierra del Fuego descobrindo a “Mauritius Land” (Península Mitre), “Staten Land” (Isla de los Estados) e o famoso “Hoorn Cap” (Cabo de Hornos), denominado assim para honrar o porto desde onde zarparam. Logo depois eles foram conduzidos a prisão porque nesse momento se pensou que tinham mentido A Urca (1616) é um navio de origem holandês e sua principal característica é a forma de construção do casco. Pode ser vista a proa e a popa com tabuado em forro e arredondada. Nela está marcada a influência da tradição naval do Mar do Norte (viquingues) em contraste com a carraca que mostra a tradição naval do Mediterrâneo.
Nº 4) CARAVELA NUESTRA SEÑORA DEL BUEN SUCESO
Em 1618 e com duas caravelas iguais, os irmãos Nodal se converteram nos primeiros homens em circunavegar Tierra del Fuego. Foi outra tentativa da Espanha para manter seus domínios de ultramar e comprovar se o dito por Le Maire era verdade. As caravelas foram os navios preferidos para realizar viagens de exploração por sua grande manobrabilidade. Suas velas latinas lhes permitiam avançar com vento em contra fazendo bordes. A origem de todas estas embarcações é portuguesa e se remonta aos navios utilizados pelos pescadores na costa atlântica ao redor de 1450. Em 1640 arriba a notável expedição de Jaques L´Hermite, de Holanda. Na Bahia, Nassau realiza interessantes observações dos índios Yamana e nesse encontro 14 marinheiros morrem nas mãos deles. Nos dois séculos que seguem Tierra del Fuego é visitada muito esporadicamente. Os navegantes tentam não ancorar na região. Os motivos é o clima rude e seus habitantes considerados canibais. Centos de navios passam ao sul do cabo de Hornos, muitos deles naufragam ou desaparecem. Consideram a região como um lugar tenebroso pelo qual têm obrigação de passar para ir na procura das Índias Orientais, logo os tesouros do Peru e mais tarde a costa oeste de América do Norte e a migração a Austrália. No ano de 1642 passa a expedição holandesa de Hendrik Broer o qual circunavega a Isla de los Estados. Em 1712 o capitão francês Freizer realiza uma carta do Estrecho de Le Maire Em 1721 Jacob Roggeveen (holandês) batiza as Malvinas como “Novum Belgium”. Passam as expedições de Beauchesne (1698), G. Anson (1740), J. Byron (1764) James Cook (1769), os quais vão acrescentando tenebrosidade à navegação austral com terríveis relatos de tormentas, frio glacial e encontros com belicosos aborígines.
Nº 5) GOLETA NUESTRA REAL CAPITANA SAN JOSE Y LAS ANIMAS
Primeira embarcação realizada em Tierra del Fuego com os restos do afundamento do Purísima Concepción. Naufragou em Península Mitre no dia 10 de janeiro de 1765 perto de Caleta Policarpo. Com os restos os náufragos construíram esta embarcação que os levou para Buenos Aires. No dia 12 de abril zarpou com 193 náufragos rumo a Buenos Aires. Arribaram no dia 25 de abril, e tiveram que viajar tão apertados que, segundo conta a história, 4 morreram sufocados.
SALA II MIRÓN GONIK
Nº 6) CORVETA DESCOBERTA, CORVETA ATREVIDA
La corveta descoberta ao mando de Alejandro Malaspina (italiano), com sua gêmea a Atrevida, foram os navios da expedição científica mais importantes que organizou Espanha em suas colônias. Entre seus objetivos estava o de elaborar cartas náuticas e ficar à par da situação política em cada região, além do especificamente científico. Foram dois excelentes navios construídos com todos os progressos da época para poder realizar a missão encomendada. Ao mesmo tempo em que em Tierra del Fuego a vida transcorria quase igual que na idade de pedra, América do Norte realizava sua Revolução pela independência (1775). Em 1776 se estabelecia o Virreinato del Río de la Plata e em 1789 se produziu a Revolução Francesa.
Nº 7) BERGANTIM ESPORA - CUTER LUISITO
Em 1873 o navegante argentino Luis Piedra Buena naufragou com o bergantim Espora na Isla de los Estados. Com os restos construiu o cúter Luisito com o qual continuou navegando pelos mares austrais marcando a soberania Argentina. Sua atividade como comerciante e lobeiro, profissão aprendida do americano Smiley fez com que fosse proprietário da Isla de los Estados, tivesse negócio comercial em Punta Arenas (logo em San Gregorio) e um estabelecimento na província de Santa Cruz. Em 1884, poucos meses antes de sua programada partida para Tierra del Fuego com a Divisão Expedicionária do Atlântico Sul comandada por Augusto Lasserre, faleceu na cidade de Buenos Aires tendo o cargo de Comandante da Armada Argentina.
Nº19) CORVETA “CAÑONERA PARANA”
Navio insígnio da Divisão Expedicionária ao Atlântico Sul, 1884. Quando a frota comandada por Augusto Lasserre ancorou na baía de Ushuaia se encontraram com uma missão anglicana dirigida por Thomas Bridges. O censo de yamanas realizado por Bridges apresenta um número de 1.000 pessoas entre mulheres, homens e crianças. No dia 12 de outubro é fundada oficialmente a localidade de Ushuaia e a bandeira Argentina substitui a bandeira da Missão (cruz branca sobre um campo vermelho). Na Isla de los Estados se instala uma sub capitania dos portos, um faro (o do Fim do Mundo, no qual se inspirou Julio Verne), uma guarnição militar e o primeiro presídio.
Nº 20) GOLETA SOKOLO
Alguns navios ficaram famosos como o Sokolo de Pascualín Rispoli também conhecido como “o último pirata do Beagle”. A tentação de passar coros de lobo, aguardente e inclusive organizar partidas de caça clandestina em uma fronteira marítima não é estranha. Porém, o que lhe deu maior fama foi sua participação em fugas do Presídio, como a do famoso anarquista Radowitzky, A goleta ficou abandonada em um desmantelado cais da fazenda Yendegaia (Chile), da família Serka, a poucos metros da fronteira
Nº 24) GOLETA MARÍA AUXILIADORA
Mesmo que os anglicanos estiveram no Canal Beagle e nas Islas Malvinas, os salecianos (1893) junto a alguns pioneiros se estabeleceram na zona de Río Grande e Punta Arenas. Também eles precisaram dos navios para estar conectados com Punta Arenas e receber materiais de construção e alimentos até que a fazenda entrasse em produção. A goleta María Auxiliadora, comprada pela congregação em 1892, os liberou de alugar navios do Chile. Logo de se afundar em 1898 compraram o vapor Torino que também perderam uns anos depois.
Nº 21) CLIPER DUCHESS OF ALBANNY
Naufragou em julho de 1893 em Península Mitre (costa atlântica de Tierra del Fuego). Trata-se de um dos tantos naufrágios ocorridos na região. Na zona, os temporais e as calmarias são muito freqüentes. As correntezas são constantes, chegando em certos lugares aos 8 nós. Assim, por culpa delas, além da pouca visibilidade, chocavam a costa, naufragando. A construção do Duchess of Albany se realizou em ferro, tanto o casco como o arvoredo. Muitos navios similares se acham rodeando Tierra del Fuego.
Nº 1) A.R.A 1º de MAYO
Foi um navio muito especial para Tierra del Fuego. Como transporte da Armada Argentina trouxe os primeiros presos em 1896. Durante anos foi o nexo com Buenos Aires. Neste navio vinham o correio, os jornais, os provimentos e se levavam ex-convictos trazendo novas remessas. Também esteve na Antártida. Na maquete vemos como foi aparelhado para cruzar o tempestuoso Drake em 1943. Navegava com seu único motor apoiado pelas velas. Pouco tempo depois embicou na costa de Buenos Aires.
SALA III VITO DUMAS
Nº 8) BRIC BARCA BEAGLE
Protagonizou duas expedições inglesas que foram as que por primeira vez estudaram a fundo a região. Seus capitães foram Willian Parker King (1829) e Robert Fitz Roy (1831). Entre as descobertas mais importantes esteve a do Canal de Beagle. O naturalista Darwin foi o encarregado, entre muitas outras coisas, de descrever, desafortunadamente, os primitivos habitantes do lugar. Também realizaram a tentativa de deixar um missionário na região (Rev. Richard Mathews em Wulaia), mas por causa da agressividade dos índios foi resgatado e continuou viagem com a expedição. Mesmo que os veleiros continuaram realizando as viagens, já em 1819 o primeiro vapor cruza o Atlântico. Em 1840 os vapores Chile e Peru navegam o Estrecho de Magallanes começando uma nova era na comunicação e no desenvolvimento da região. O governo do Chile (1843) reage e toma posse do Estrecho fundando Fuerte Bulnes, perto de onde anteriormente estava Puerto Hambre. Quatro anos depois foi transferido a sua final localização em Punta Arenas. Em 1840 se realiza a transmissão telegráfica por Samuel Morse e começam os primeiros experimentos na utilização do ferro para a construção de cascos de navios.
Nº 9) LOS TRES VELEROS ALLEN GARDINER
Estes navios foram utilizados pelos missioneiros anglicanos ingleses (South American Missionary Society) para seus propósitos nas Islas Malvinas e em Tierra del Fuego. Levam o nome do missioneiro que iniciou a obra em Tierra del Fuego e morreu em porto Espanhol junto com seus companheiros. O Allen Gardiner I foi comprado em 1854. Estas goletas de velacho eram muito utilizadas pelo comércio de cabotagem no Mar do Norte. O Allen Gardiner II foi um clássico queche pesqueiro do Mar do Norte e substituiu o primeiro em 1874. Optou-se por um navio menor por questões econômicas. O terceiro Allen Gardiner (1885) foi uma goleta com motor a vapor. Respondia ao pedido de Thomas Bridges que tinha a necessidade de contar com uma embarcação com motor para poder navegar pelos canais e chegar com a obra evangelizadora nos sítios mais remotos. O bispo Stirling (1869) se converteu no primeiro europeu em viver entre os yamanas na missão estabelecida na baía de Ushuaia. Logo chegou a família Bridges (1871) e ao pouco tempo o fez a família Lawrence (1873).
Nº 10) BARCA ROMANCHE
Da expedição francesa ao cabo de Hornos de 1882 comandada por L.Martial realizou um importante trabalho na região. Mesmo tendo arribado para estudar o passo de Vênus e realizar diferentes trabalhos científicos fez um importante aporte à antropologia. Esta barca, típica da época, dá uma importante idéia dos grandes veleiros de carga que passavam pelo cabo de Hornos. Além da rota à costa dos E.U.A, fosse desde Europa ou desde a costa leste, também passavam para Austrália ou em procura do nitrato ao norte do Chile.
LELA
A família Bridges fez construir este navio em Cowes, Inglaterra, em 1929. Tanto as linhas do casco, como seu aparelho e o fato de possuir dois motores internos, demonstram que se trata de um desenho realizado exclusivamente sob demanda. Anos de navegação pelos canais, com ventos contrários, pedras e baixo fundo, foram o resultado de desenho. Trabalhou durante muitos anos no traslado de ovelhas da Isla Gable. Atualmente se encontra na fazenda Harberton.
Nº 16 y 17) CUTERS GARIBALDI - TOMASITO.
GOLETAS NEGRA e BLANCA
A dependência dos navios foi total. A única forma que tinha um comércio ou um estabelecimento para crescer era contando com algum veleiro. É assim como além de ser comerciante ou pecuário se devia ser um bom marinho. A família Beban teve vários navios. Eles foram o cúter Garibaldi (1896), a goleta Negra (1911), com a qual fizeram inclusive viagens ao Brasil, O Tomasito (1913) e a Goleta Blanca (1916). Foram comparando e vendendo navios segundo o desenvolvimento de suas atividades. Eram utilizados para unir Ushuaia com Punta Arenas e com as diferentes fazendas do Canal de Beagle e Isla Navarino. Nestes cúters transportavam medicamentos, gado em pé, passageiros, trabalhadores e garimpeiros. Neles também se saia a pescar ou caçar lobos marinhos. Foram os verdadeiros pioneiros do desenvolvimento da região.
Nº 18) BERGANTIM PHANTOM
Em Ushuaia Thomas Bridges se retira da missão (1887) e se estabelece em Harberton onde funda a primeira fazenda de Tierra del Fuego. Como o único meio de comunicação é o mar, em 1897 se compra o bergantim Phanton. A idéia era que seu estabelecimento se tornasse independente de fretes excessivos e poder transportar madeira para o continente adquirindo logo o necessário para sua mercearia como carvão, víveres, etc. Trata-se de um navio cargueiro com amplas adegas e um convés apto para estiva. É um típico cargueiro do Mar do Norte.
SALA IV ALMIRANTE IRIZAR
Nesta sala são exibiu uma série de dioramas retratando os mais famosos naufrágios na região.
DESDEMONA
Desde 1985 está localizado em Cabo San Pablo, costa atlântica de Tierra del Fuego..
GOVERNOREN
uma factoria flutuante, encalhou e queimado na ilha Empresa (Gerlache Canal) no setor Antártico Argentino. (1915)
MONTE SARMIENTO
Está voltada para o Estancia Remolino no Canal Beagle desde 1912
LOGOS
Em 1988 naufragou em uma ilha perto da ilha Snipe no Canal Beagle.
MONTE CERVANTES
Encalhou contra algumas rochas perto do farol Les Eclaireurs sobre o Canal de Beagle em 1930.
ST. CHRISTOPHER Rebocador
Está encalhado ao largo da cidade de Ushuaia desde 1954. Hoje é um símbolo do lugar.
CARCERE DE USHUAIA E PRESÍDIO MILITARE
Extrato da recopilação realizada por J. Carlos García Basalo.
Em janeiro de 1896 arribou a Ushuaia o primeiro grupo formado por 14 presidiários a bordo do navio “1º de Mayo”. Assim foi como se iniciou o Cárcere de Reincidentes, habilitado em forma provisória em casas de madeira e chapa.
A idéia era colonizar com presídios e foi assim como imediatamente se enviaram mais 11 homens e 9 mulheres voluntárias. Todos eles “ex-convictos” que tinham delinqüido novamente.
PRESIDIO MILITAR
O Presídio Militar funcionou na Isla de los Estados, primeiro em San Juan de Salvamento e logo até dezembro de 1902 em Puerto Cook quando foi transferido por razões humanitárias a Ushuaia. O lugar escolhido ao oeste da cidade foi Puerto Golondrina. Ali começou a funcionar em casas de chapa e galpões transferidos da Isla de los Estados. Existiu a idéia de fazer uma colônia penal no lugar, mas não teve muito êxito. Em 1911 o Presidente da Nação assinou um decreto que fusionou o Presídio Militar com o Cárcere de Reincidentes de Ushuaia.
CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO
Em 1902 foi iniciada a construção do “Presídio Nacional”. O sítio escolhido foi o mesmo lugar onde estavam as construções provisórias, ao leste da pequena cidade de Ushuaia que naquela época não superava as 40 casas. Até 1920 continuou a construção do cárcere que foi realizada pelos mesmos presidiários A idéia primitiva era construir uma “Colônia Penal” para 580 reclusos em Lapataia. Para este fim se reservaram 2500 hectares de terra junto ao limite com Chile. Em 1920 o cárcere contava com cinco pavilhões de 76 celas exteriores cada um deles. As 380 celas eram unipessoais, mas o cárcere chegou a alojar a mais de 600 presidiários.
Entre o “Pavilhão 1 o Histórico” e o Pavilhão 2 se levantou a cozinha e entre os pavilhões 1 e 5 a padaria. Em frente da baía se levantou a administração. As oficinas se localizaram em construções separadas. Recém em 1943 se inaugurou um moderno hospital, que logo foi o hospital da Base Naval e por muito tempo o único hospital da região.
O “Hall central” ou “Rotunda múltipla” foi utilizado como sede de conferências, cinema e auditório para todo tipo de acontecimento.
TRABALHO E DISCIPLINA
À medida que passou o tempo a este cárcere foram enviados delinqüentes autores de graves delitos, muitos deles condenados a reclusão perpétua ou de longa duração. O regime aplicado estava baseado no trabalho retribuído, ensino escolar de nível fundamental e uma severa disciplina. O penal tinha 30 setores de trabalho sendo que alguns deles ficavam fora.
As oficinas instaladas atenderam as necessidades do cárcere prestando serviços a toda a cidade de Ushuaia. Alguns destes serviços foram a primeira imprensa, telefone, eletricidade, bombeiros, etc.
Fora do cárcere os convictos foram utilizados para trabalhar na construção de ruas, pontes, edifícios, além da exploração das florestas.
Desta forma com os presidiários se habilitou em 1910 o trem mais austral do mundo. Este chegou a ter una extensão de 25 quilômetros e corria do lado da rua Maipú passando pelo acampamento do Monte Susana e se dividindo em dois ramais em direção ao que hoje é o Parque Nacional.
O cárcere contou também com várias embarcações sendo a mais conhecida a “Godoy”. Em 1947, o Território Nacional já era uma Governação Marítima e a Presidência da Nação dispôs a clausura do cárcere. As instalações foram transferidas ao Ministério da Marinha e nelas se instalou em 1950 a Base Naval.
MUSEU ANTÁRTICO JOSÉ MARÍA SOBRAL
Argentina na Antartica.
Existem suficientes elementos de prova para supor, validamente, que foi um marinheiro do Rio de la Plata o primeiro homem que chegou a terras antárticas do quadrante americano. É assim como o atestam os livros de registro do porto de Buenos Aires de inícios do século XIX ao denunciar viagens às ilhas próximas ao Pólo Sul, ou genericamente Patagônia. Depois de alguns meses os navios regressavam com seus porões lotados de couros de lobos de dois pêlos quando tal espécie tinha sido extinta nas costas do sul da América. É o chamado tempo dos caçadores de focas.
Porém é no início do século XX quando se intensifica a ação antártica em virtude das recomendações dos Congressos Geográficos Internacionais do final do século anterior. Deste modo, o país contribui materialmente no que se denominou a grande expedição antártica internacional da que participaram Bélgica, Suécia, França, Alemanha, Escócia e Inglaterra. Como apoio científico se construiu um observatório magnético e meteorológico numa ilha próxima à Ilha dos Estados para realizar observações simultâneas junto com a dos diferentes grupos expedicionários.
Naquele tempo, produziramse fatos significativos: a participação do sub-tenente José María Sobral na expedição do doutor Otto Nordenskjöld, o resgate da mesma pelea corveta Uruguai de nossa bandeira, a compra do observatório das ilhas Orcadas do Sul único observatório científico que funciona desde 1904 permanentemente no continente antártico , as ajudas à expedição francesa do doutor Jean Baptiste Charcot e a instalação da Companhia Argentina de Pesca nas ilhas de São Pedro ou Geórgia do Sul. Buenos Aires se constituiu naquele tempo em porto de escala de todas as expedições que marcharam a estudar os mistérios do continente antártico, até aquele momento virtualmente desconhecido.
No século XX, a atividade tornou-se mais intensa. Primeiro com diferentes episódios que se somaram à ocupação das ilhas Orcadas do Sul e depois com um maior exploração científica e logística sobre o território que se multiplica com a entrada em vigor do Tratado Antártico que transforma o continente num lugar dedicado exclusivamente a estudos científicos.
Hoje a Antártica é terra de todos e de ninguém.
Numerosos países buscam conhecimentos no sexto continente, que se converteu em um grande reservatório para o futuro da humanidade.
Nas salas expomos algumas expressões históricas e atuais do continente antártico.
Sala 1 Doutor Otto Nordenskjöld
A expedição sueca 1901-1903 do Doutor Otto Nordenskjöld em que participou o alferes argentino José M. Sobral hibernou na Ilha Colina Nevada (Snow Hill) ao leste da península Antártica.
Objetos: Louça e fotografias da Colina Nevada. .
Sala 2 Carlos A. Larsen
A expedição tinha previsto uma única invernada, mas em fevereiro de 1903, o Antarctic navio expedicionário, afundou-se no Mar do Weddell quando ia à Colina Nevada para buscar os expedicionários. Objetos: Maqueta del Antarctic, Forno químico.
Sala 3 Doutor Gunner Andersson
Previamente tinha deixado 3 homens em um sítio, Baía Esperança, para que chegassem pelo mar congelado à Colina Nevada e, se o navio não chegasse em determinada quantidade de dias à ilha, voltar caminhando ao sítio de desembarque (Baía Esperança). Os náufragos do Antarctic, por sua parte, refugiaramse em uma pequena ilha vulcânica Paulet, e os três grupos ficaram isolados até que chegou a expedição de auxílio em novembro de 1903.
Os três homens de Baía Esperança sobreviveram em uma pequena choupana de pedra, que construíram ante a emergência, da qual se resgataram os elementos originais que se exibem na amostra.
Sala 4 Fósseis
Faz milhões de anos, a Antártida formava parte de um grande continente: Pangea, que se desmembrou e derivou em diferentes direções. Por aquele tempo, o que hoje é a Antártida, estava em latitudes mais cálidas, tinha vegetação e animais de sangue frio e quente. Algumas partes do continente antártico foram ao fundo de mar para logo emergir, fossilizandose moluscos como os da amostra, antecessores dos frutos do mar de valva e lulas que conhecemos atualmente. Estes correspondem às terras emersas do Arquipélago de Ross
Sala 5 Presbítero Juan E. Belza. Aviação antártica
Aviões da Armada Argentina e da Força Área Argentina penetraram no céu polar da década do quarenta. Alguns anos depois se realizaram vôos até o Pólo Sul, e inclusive vôos transpolares. Os nomes destes pioneiros que convém lembrar, sem prejuízo das tripulações, são as do Capitão de Navio Hermes Quijada e as do Comandante Mario Olezza, assim como os vôos precursores protagonizados da Base Belgrano pelo então Coronel Hernán Pujato, em pequenos monomotores que, em sua itentativa de chegar ao Pólo, produziram o conhecimento da desconhecida geografia do sul do Mar do Weddell. A instalação da Base Marambio, com uma pista operável todo o ano para aviões de grande porte com trem de aterrissagem convencional, quebrou o isolamento invernal da Antártida, permitindo o traslado de acidentados, materiais e correspondência todo o ano.
Sala 6 Juan Tomás Dawson. Estação de rádio
As comunicações radiais se iniciaram, da Antártida, na Ilha Laureie no ano 1927, quebrando o isolamento em que tinham vivido até então as comissões científicas. A base científica “Almirante Brown” em Baía Paraíso esteve equipada até a década do setenta com esta estação de rádio.
Sala 7 Atmósfera Polar
As “auroras austrais” são um fenomenal geomagnético de alta atmosfera, de incrível beleza. Junto às investigações pelo chamado “buraco de ozônio” e a “mudança global” configuram estudos necessários para determinar as políticas a seguir para o futuro para conservar de nosso planeta
Sala 8 Grandes travessias
Os pioneiros argentinos além do já mencionado José María Sobral, da atividade científica do observatório de Ilha Laureie no Orcadas do Sul e das atividades de reconhecimento e ocupação das terras antárticas pela Armada Argentina na década de 1940, no ano 1950 se fundou o Instituto Antártico Argentino para centralizar toda a atividade científica polar. O artífice do grande projeto polar argentino foi o General Hernán Pujato. Protagonista das maiores travessias terrestres realizadas na Antártida, foi o fueguino por adoção, Capitão Gustavo Girou Tapper, quem também implementou a avançada da expedição ao Pólo sul do então Coronel Jorge Edgardo Leal.
Sala 9 Expedições polares
Cook, Wedell, Biscoe, Dumont d’Urville, Wilkes, Bellingshausen
Sala 10 Continente Antártico
Mapa mural em relevo com fauna antártica
Sala 11 y 12 Expedição Bélgica de Adrien de Gerlache
A expedição científica do belga Adrian Do Gerlache, realizada entre os anos 1897 e 1899, hibernou forçadamente no Mar do Bellingshausen, ao oeste da península Antártica, ao ficar o Bélgica aprisionado pelos gelos. Formava parte dessa expedição Roald Amundsen, o primeiro homem que chegou ao Pólo Sul uns anos depois.
Sala 13 y 14 Baleeiros antárticos
No ano 1906, o capitão Carl A. Larsen, que tinha sido comandante do Antarctic da expedição sueca do Doutor Otto Nordenskjöld, fundou a Compañía Argentina de Pesca (Companhia Argentina de Pesca) na Ilha São Pedro do Georgias do Sul, e com este primeiro estabelecimento começou o auge da caça da baleia nos mares austrais.
Sala 15 Bases antárticas y transportes polares
Os navios polares modernos realizam o apoio logístico da atividade científica na Antártida. O quebragelo San Martín adquirido em 1954 foi substituído pelo quebragelo Almirante Irízar. O transporte polar “Baía Paraíso” naufragou faz alguns anos nas proximidades da base norteamericana “Palmer”, felizmente sem que houvesse vítimas.
Sala 16 Expedição de Shackleton no Endurance
Ernest Shackleton foi um dos mais importantes exploradores polares da cha-mada “Época Heróica”. Participou da primeira expedição do Robert F. Scott de 1903, logo tentou chegar ao Pólo Sul em 1907, alcançando uma latitude próxima às cem milhas da meta, onde deveu retornar em salvaguarda de sua vida e a de seus companheiros de expedição. Em 1914 projetou uma expedição transpolar, que saindo do Mar do Weddell, cruzaria o continente pelo Pólo Sul, para chegar ao Mar do Ross. Infelizmente seu navio foi aprisionado no primei-ro dos mares pelos gelos, naufragando. Shackleton e seus homens se refugiaram na Ilha Elefante das Ilhas Shetland do Sul, e de ali Shackleton, dando provas de um incrível valor, em um pequeno bote cruzou o mais perigoso dos mares do mundo, chegando à Ilha São Pedro, de ali, e logo depois de sucessivos fracassos, conseguiu resgatar a todos os membros de sua expedição no veleiro chileno Yelcho.
Sala 17 Corveta ARA Uruguay
A corveta Uruguay é navio da Armada Argentina, o mais antigo que ainda se encontra flutuando. Pertenceu à chamada “Esquadra Sarmiento” porque foi este presidente quem ordenou a compra de três canhoneiras iguais em estaleiros ingleses. Com um importante histórico austral, e ante a carência de notícias da expedição sueca, foi preparada nos estaleiros da Armada para tentar o resgate, empresa que culminou com êxito em novembro de 1903.
Sala 18 Ilhas Orcadas
O observatório meteorológico da Ilha Laureie, em Ilhas Orcadas do Sul, é o primeiro e único laboratório científico que funciona sem interrupção na Antártida desde 1904. Foi comprado à expedição Nacional Escocesa do Doutor William Bruce em janeiro de 1904, e içado o pavilhão argentino em 22 de fevereiro desse ano. A primitiva casa do Bruce, foi substituída por uma casa de madeira chamada casa Moneta, hoje convertida em museu: em comemoração a um ar-gentino que hibernou quatro anos nela. William Speir Bruce foi um destacado cientista polar, que abandonou a medicina para realizar a Expedição Nacional Escocesa, que explorou o Mar do Weddell e hibernou em Ilha Laureie em 1903.
Sala 19 Goleta Austral Ex Le Francaise
O Austral foi o segundo navio argentino para serviço polar. Foi comprado ao cientista francês João Batista Charcot. Infelizmente, na segunda viagem para levar a dotação de Ilha Laureie, naufragou no Rio de la Plata.